A menina das ruas

Queria poder te dizer o que sinto sem conseguir deixar isso ser deprimente, mas a verdade estará escrita aqui, não me importo se você me achar ridícula, ou boba, até imatura, mas as verdades logo estarão claras. Por fim, bom dia, ou boa tarde, ou até então boa noite ou boa vida, porque afinal eu mal sei como anda, não sei se você se esgueira por ruas me procurando como eu faço, não sei se você ainda sofre, não sei se ainda há razão, vinda de sua parte, pois eu me perdi vagamente da razão, e mergulhei de cabeça na ilusão desde que você me deixou sozinha. Tudo foi mais difícil, o caminho para casa era diferente, e minhas mãos precisavam de suas mãos para se aquecer, precisava de seus dedos se encaixando nos meus. E eu me perdi diversas vezes, o caminho era mais vazio, mais diferente, mais quebrado, talvez ele se espelhasse a mim enquanto caminhava perdidamente por ali. Mas depois de algumas semanas de solidão, eu fui aprendendo o caminho. Nesse novo caminho sem você para me acompanhar quando a rua estiver escura, sem você para me dizer o quanto toda essa cidade seria sem graça sem a mim ao seu lado, então se seria tão sem graça, porque você me deixou sozinha naquela avenida sozinha?E talvez minhas lágrimas o guiaram quando você perceber que me deixou sem chão. Eu também desejo que você saiba que eu vi o amor sincero o tempo inteiro desde que você se foi. O amor fluía nas ruas, emanava das pessoas, se via nos bancos do parque. Eu procurei por você, por cada esquina, por cada rua, por cada beco, e você não veio me colocar no colo e dizer que estava do meu lado. Eu prefiro pensar na hipótese mais Polyana. Que você se perdeu, e ficou desolado em querer me encontrar de novo. Mas a realidade vem como chamas incandescentes me queimando arduamente. Porque a verdade está clara: Você parou de me querer, ou nunca me quis verdadeiramente. Eu estou esperando para nós nos encontrarmos, pode ser em qualquer lugar é só marcar. Meu numero continua o mesmo, eu moro na mesma casa, só não sou a mesma de dois anos atrás, a dor faz isso com as pessoas, mas eu tenho o mesmo estilo de sempre, e o colar que você me deu da penúltima vez que nós nos vimos está em pendurado no meu pescoço fielmente. Se você quiser saber também, eu passo todo dia pela mesma avenida que você me deixou sozinha, e eu já aprendi a me recuperar de atritos mais rápidos do que antes. Ah e se seu ego aumentar com isso saiba: Eu realmente sinto falta de suas mãos entrelaçando as minhas, sinto falta do seu perfume, e dos cachos do seu cabelo, ah eu estou morrendo de saudades da sua fala mansa e o modo que olha para mim. A razão realmente me deixou sozinha, e a ilusão de você ao meu lado aumenta cada dia, enquanto a razão guia em cada beco sem saída, esperando te encontrar por acaso. Eu joguei meus sentimentos ruins por você, para em alguma dessas ruas, e eu só tenho agora tudo de mais puro, minhas esperanças não são as melhores, mas são mais aconchegantes do que as das primeiras semanas sem você aqui. O tempo demorava a passar como limpar uma avenida toda, o tempo parecia uma grande ferida com tempo marcado e cronometrado de se acabar. E se você quiser saber na rua de minha casa, ainda dá para ouvir as suas lindas frases e sentir seus doces beijos, só de passar por ela, da esquina entre um quarteirão em outro, eu consigo sentir livremente seu perfume, e em cada calçada dá para localizar minhas lágrimas. E pode parecer loucura, mas você pode não se lembrar que eu te amo mesmo, e que o nome da rua da tua casa é o meu nome, e que de algum modo você ira se lembrar de mim. E talvez você lembre que meu numero está na discagem rápida, e que não precisa de se esconder quando me encontrar pela rua, e muito menos ficar hesitante ou com alguma pendência de falar comigo, não precisa comentar dessa carta, que nem uma carta parece, não precisa dizer que me ama, apesar de que seria muito bom, apenas me explique o que aconteceu para você me deixar sozinha, eu ainda espero por você!
Agradecida desde já.
A menina das ruas.